Madeira do Avesso

Madeira do Avesso

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os medos

Cada vez mais os acontecimentos políticos desta nossa terra parecem-se com uma série televisiva qualquer, em que os factos relevantes transitam de uma temporada para outra, deixando os espectadores em suspense à espera da nova temporada.

Na quinta-feira passada acabou uma temporada, começando a nova a que poderemos chamar a temporada do medo.

A temporada termina com uma série de apupos ao Grande Líder. O Grande Líder habituado que estava aos seus discípulos condescendentes, obedientes, subservientes, apanhou uma surpresa quando a sua suposta matilha começou a ladrar e com o rabinho entre as pernas, ao seu estilo habitual, Jardim defende-se com insulto, mas desta vez com uma diferença gigantesca. Jardim sempre ofendeu a oposição e todos aqueles que são contra a sua mão de ferro, desta vez foram os que o elegeram, o povo que anda nas ruas, muito dele desempregado devido às más políticas com décadas. Jardim mostrou a sua raiva aos pobres, numa atitude intimidatória, num claro sinal de quem já está com medo do dia seguinte. Um nervosismo patente a cada palavra proferida.

Como em política, não há tempo para interregnos, a temporada seguinte começa logo na sexta feira, lá mais para o fim do dia, com a notícia lançada pela RTP, de que todos os membros do anterior governo regional seriam acusados de prevaricação, por saberem da dívida oculta (enfim, quase todos nós sabíamos que ela existia, não tínhamos provas dela e quais os montantes). 

Sem perceber bem porquê esta notícia vem a público numa altura em que a procuradora responsável por essa investigação é afastada do DCIAP. Talvez (digo eu) com medo que esse processo fosse metido na gaveta e ficasse esquecido, alguém resolveu denunciá-lo na praça pública para que ficasse vivo após a saída dos que agora terminam funções.

Como seria de esperar as reacções regionais foram imediatas e claro que o incómodo dentro do PSD nacional é cada vez mais óbvio e continuamos sem ouvir qualquer palavra de Belém.

Apesar de ainda ser apenas uma notícia, esta situação é o culminar do engano que foi este governo para a Madeira, com especial relevância a partir do ano 2000. Por isso é óbvio que não tem qualquer legitimidade para continuar à frente da região. A se confirmar a acusação e como a moldura penal pode ir aos 8 anos, não se coloca aqui a questão da imunidade que os protegeria para crimes menores. Imagino o medo que vai nesses gabinetes e na casa de alguns reformados.

Uma das reacções imediatas foi a do líder do CDS/PP-M, José Manuel Rodrigues, que anunciou a apresentação de uma moção de censura caso sejam acusados. Obviamente que concordo com a apresentação de uma moção de censura, apesar de achar que há imensos motivos para a apresentação de moções de censura, não devendo ficar à espera da acusação e deixaria aqui uma sugestão de todos os partidos da oposição apresentarem moções de censura, umas a seguir às outras (não sei se isto é possível), até ser um assunto regional bastante debatido a nível nacional 

Com este anuncio de José Manuel Rodrigues, fiquei sem perceber o que vinha a seguir, o CDS-M pretende que este governo caia e que em vez de serem convocadas eleições, seja formado um governo com os 3 principais partidos da região! Ridículo! Como seria possível a esse governo governar com uma maioria absoluta na ALM do PSD?
Como é possível José Manuel Rodrigues desejar para parceiro o partido que levou a Madeira à desgraça?
Para isso há apenas uma explicação, a fome de poder associada ao medo de ir a eleições e perder o conquistou num passado recente!

Enfim, a temporada do medo que assola os nossos governantes (e ex também), pois sabem bem que além da acusação que poderão enfrentar, com a perda da imunidade, muito mais podres poderão se descobrir, o medo dos senhores do regime e o medo de José Manuel Rodrigues, que tem a plena consciência que o seu estado de graça já passou há muito tempo, tantas foram as cambalhotas que deu entre a república e a região e que sabe que para chegar ao poder, só mesmo como bengala do PSD, de preferência sem sequer ir a eleições!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quando cairá este governo?

menos de 2 anos após a eleição deste governo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas, nunca se ouviu tanta contestação e tanta má governação em tão pouco tempo.
Esta semana que ainda vai a meio, tem sido particularmente conturbada para o governo, com especial incidência no especial Relvas.

Façamos então uma linha cronológica destes últimos dias

O arranque deu-se na passada sexta feira, dia 15 de Fevereiro, em que uma iniciativa de um grupo de cidadãos, cantou a Grândola Vila Morena em plena Assembleia da República, enquanto Passos Coelho discursava.


Segunda feira, dia 18 de Fevereiro, Relvas é convidado pelo clube de pensadores (grandes pensadores devem ser!) e após 2 minutos de discurso, é interrompido novamente ao som de Grândola Vila Morena, seguido de ofensas.


Foi claro o desconforto do pensador, que terá que pensar melhor quando escolher oradores!

Passado apenas um dia, Relvas tenta discursar numa conferência da TVI, no ISCTE e os estudantes simplesmente não o deixaram falar.

Nesse mesmo dia, ao fim do dia, surge a notícia que Cândida Almeida deixaria de liderar o DCIAP, e que além disso estaria sujeita a um processo disciplinar e que o seu gabinete seria investigado. Estranho!

Poucas horas depois, já hoje 20/2/2013, começa-se a desvendar o mistério. Essa Sra. Procuradora tinha feito um pedido de levantamento da imunidade de Alberto João Jardim, relativo às investigações do caso da dívida oculta da Madeira, está a investigar também o eventual favorecimento do nosso querido ministro Relvas a Passos Coelho, quando este último era administrador de uma empresa chamada Tecnoforma. Também estava nas mãos desta procuradora a investigação do caso dos submarinos e foi decisão dela não incluir José Sócrates no caso Freeport. Ou muito me engano, ou os responsáveis por este governo têm todos os motivos (apenas políticos) para correr com a Procuradora.

Entretanto, os militares cada vez mais desagradados começam a reunir forças, fazendo lembrar tempos idos, quando Portugal se libertou do sufoco da ditadura

A manhã ainda está a meio e as notícias continuam péssimas, Vítor Gaspar assume no Parlamento que a recessão para este ano (atenção, ainda vamos em Fevereiro) é o dobro da prevista, agravando a contracção do PIB em para 2%, como se não bastasse, anuncia novo PEC (XX, XXXV,? já não sei em qual é que vai), pois precisa de mais 800 milhões de euros.

Após, Grândolas cantadas por manifestantes, apupos a Relvas, casos estranhos na justiça, as finanças do país que teimam em contrariar todas as expectativas do governo, defraudando os portugueses que tanto sacrifício tem feito pelo seu país, à fome, à miséria, com a vergonha de quem já teve e agora pouco ou nada tem, pergunto quando cairá este governo? O que fazer para pô-los daqui para fora? Portugal não aguenta até 2015 com estas políticas fraudulentas!


Enquanto escrevia estas linhas, mais um ministro ouviu a música de Zeca Afonso. Desta vez Paulo Macedo!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os dias do fim

No dia em que se discute a nova lei das finanças regionais na Assembleia da república, saiu a notícia dos números do desemprego em Portugal no último trimestre de 2012 e chegamos ao número assustador de 923.000 desempregados no nosso pequeno país!

Em apenas quatro anos, passámos de uma taxa de 7,3% em 2008, para 16,9% em 2012! 

A estes valores falta acrescer os números de pessoas, muitas delas altamente qualificadas, que fizeram malas e emigraram para outros países, à procura de sobrevivência. Esta emigração, bastante diferente do tempo dos nossos avós, em que os homens saíam do país sem qualificações e com o intuito de enviar dinheiro para as suas mulheres cuidarem dos filhos que por cá ficavam, e assim que ao fim de muitos anos conseguiam gerar riqueza suficiente para cuidar das suas famílias, regressavam para passarem uma velhice na sua terra.
Os novos emigrantes, muitos deles ainda sem família constituída, partem e assim que constituem família nas terras que os acolhem, dificilmente voltarão ao seu país em definitivo, além de que não poderemos contar com as remessas de dinheiros como os nossos antepassados tantos fizeram.

Por cá na nossa Ilha, ainda pior estamos. Com a taxa de desemprego mais alta do país, 19,7%, caminhamos rapidamente para o abismo, com famílias completamente destroçadas pela miséria, pela fome, pela vergonha. 
O aparecimento (necessário) das cantinas sociais, que transbordam de utentes, com orçamentos já esgotados, é o culminar desta estratégia do governo de Jardim.
Este governo regional, cego, sem rumo, a navegar à vista, conseguiu cumprir os números do défice negociados no PAEF, ficando nos 2%, bem abaixo dos 3,1% negociados com Lisboa, apesar da receita fiscal ter ficado muito aquém do previsto no orçamento. Este diferencial entre o negociado e o concretizado, mostra apenas que Jardim/Garcês não faziam a mínima ideia qual seria a receita fiscal, e com o receio de não cumprir o défice, apertaram ainda mais na contenção da despesa, eliminado quase por completo o investimento público!
Esta redução absurda na despesa, associada ao brutal aumento de impostos, fez com que a nossa economia colapsasse, fechando deste modo imensas empresas e levando os números de desempregados aos agora divulgados!

Preocupa-me bastante a continuação destas políticas em 2013, deste governos Passos/Portas/Gaspar e Jardim/Garcês, pois com esta austeridade extrema a nossa economia irá continuar a colapasar, aumentando ainda mais as falências e consequentemente o desemprego, caminhado rapidamente para os dias do fim!