Madeira do Avesso

Madeira do Avesso

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Zona Velha da Cidade

Todas as semanas vou à Zona Velha da Cidade e todas as vezes penso no salto que esse espaço nobre da cidade deu.

O único local sem marquises
Após umas décadas de decadência, eis que há meia dúzia de anos atrás a Zona Velha volta a figurar no mapa da cidade, sem vergonha e a competir com qualquer cidade velha da Europa, com tudo o que há de bom e com os defeitos que também apresenta.

Quando nos finais da década de 80 do século passado, comecei a dar as minhas primeiras saídas à noite, lá de vez em quando acabávamos na Zona Velha a comer um prego na Muralha, ou no Banana's.
Inexperiente nessas andanças, não andávamos muito à vontade por lá, devido a alguma criminalidade que  existia, e à degradação bem patente em quase todos os edifícios.

O primeiro salto na projecção e dinamização, foi dado com o primeiro projecto "On Fusion" organizado pelo grupo Porto Bay, em 2008. A partir daí e com a mão e toda a influência do ex- Secretário Regional do Turismo João Carlos Abreu, começou o projecto das portas pintadas, inicialmente na Rua de Santa Maria, mas que hoje em dia estende-se a toda a Zona.

Os bares modernizaram-se, abriram muito mais e toda aquela zona passou a fervilhar nas noites de fim de semana, até que, há poucos meses atrás a Câmara Municipal do Funchal resolveu matar esse pólo de diversão nocturna, obrigando a fechar às duas da manhã! Sim eu sei que vivem lá pessoas, assim como no Bairro Alto em Lisboa e há décadas que esse bairro Lisboeta mantém a sua dinâmica nocturna, convivendo bem com os moradores.

Toda dinâmica da Zona Velha nada deve à Câmara Municipal do Funchal e ao seu Presidente Miguel Albuquerque, que mais não fez além de autorizar as marquises que implantaram à frente de vários restaurantes, fechando por completo o Largo do Corpo Santo e alguns passeios junto ao Campo Almirante Reis.
Claro que também acabou com o estacionamento que ali existia e começou a trapalhada do Jardim do Almirante Reis. Primeiro numa versão às ondas, tapando por completo a abertura visual ao mar, que é sempre bonita. Passado algum tempo, viram a asneira que tinham feito e toca a deitar abaixo essas ondas e nova asneira foi feita. Talvez numa tentativa de poupar uns trocos, a CMF dividiu o jardim aos pedaços e deu a sua concepção e manutenção a diferentes entidades. Enfim ficou, como se costuma dizer, uma verdadeira fuçada, sem identidade, sem pés nem cabeça!

Está na altura de olhar para estes núcleos importantíssimos da cidade com muita atenção, com planeamento em todos os níveis,nomeadamente urbanístico, social, do comércio e turístico!

Acabem lá com as marquises, devolvam o espaço aos cidadãos, o que não faltam são restaurantes dessa zona, dispensando assim esses acrescentos que só atravancam a Zona Velha. 
Pensem nesse jardim, façam-no com um projecto único. Criem um espaço alternativo ao Parque de Santa Catarina para espectáculos culturais, verão que todos os comerciantes dessa zona agradecem.



 



terça-feira, 28 de maio de 2013

Mudança II







Fomos recebidos na Câmara Municipal do Funchal por diversas pessoas, que tiveram o maior gosto em nos receber e mostrar o trabalho que têm efectuado nas suas áreas. 

Sendo o Funchal uma cidade que vive do turismo, é necessário que os jardins municipais e particulares estejam sempre nas melhores condições e para que quem nos visita sinta toda a beleza da cidade.
Há que trabalhar permanentemente para que consigamos manter e aumentar essa beleza.

Na área do saneamento básico e águas, fiquei com a preocupação de que caso a equipa B do meio PSD de Jardim, liderada pelo Dr. Bruno Pereira ganhe as eleições, será certo de que irá entregar a gestão destes dois serviços tão fundamentais à nossa vivência a privados, de modo a satisfazer os clientes do regime, prejudicando assim os cidadãos, com o aumento dos preços e taxas e uma diminuição da qualidade do serviço.

domingo, 19 de maio de 2013

Os nossos grandes estádios


E porque hoje sé se fala de futebol, vamos lá falar um pouco desse tema.

Hoje fui ao Estádio da Madeira assistir ao último jogo da época do Nacional. Não porque seja grande adepto do futebol, mas sim porque dois dos meus filhos são atletas desse clube e desfilaram no campo no intervalo do jogo.
Com este desfile, muitos pais que habitualmente não assistem a jogos de futebol, lá rumaram ao frio da Choupana e assistiram ao Nacional - Académica. 
Para que a festa fosse maior, o Clube Desportivo Nacional, abriu e bem, as portas do estádio a todas as pessoas que quisessem assistir gratuitamente ao jogo.
Como seria de esperar, houve festa nas zonas super altas antes do jogo, durante e depois. Houve banda de música, houve cantores amadores, houve cantores pimba e houve também cantores cómicos. Houve também barracas de comes e bebes de algumas modalidades amadores. Os pais colaboraram e lá se fez a festa.

Há hora marcada, lá rumamos para o interior do estádio e como fui dos últimos a entrar, estava já preocupado pois queria arranjar uns lugares bons para mim, para a minha mulher e para os meus filhos. 
Quando entrei, lugares era coisa que não faltava. Escolhi o melhor que encontrei e assisti à vitória do Nacional por 2-1.

Como já referi antes, não sou um grande apreciador desta modalidade, então fui assistindo ao jogo e olhando aos pormenores do estádio e pus-me a pensar.

Para quê um estádio com aquela dimensão, se no último jogo da época, com as entradas gratuitas e com o desfile dos pequenos atletas, as bancadas estavam com pouco mais do que meia lotação ocupada? Para quê a megalomania desta terra, em que desde que seja para gastar dinheiros públicos, os nossos governantes estão sempre prontos?

Descendo um pouco e olhando para a obra inacabada do Estádio dos Barreiros, que já há muito tempo que tem apenas uma bancada em utilização e que até pode encher lá quando o rei faz anos, fico a imaginar como ficará permanentemente vazio quando a obra ficar concluída?

E para que este texto não seja demasiado longo, é melhor nem falar dos restantes campos de futebol, que no total perfazem o número de 37 na região!

E assim vai a Madeira Nova!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um Presidente, Uma Maioria, Dois Governos!

A cada fim de semana que passa, somos presenteados com mais um (ou mais) avanço ou recuo, conforme a vontade do governo 1, ou do governo 2.

Este que passou, não foi excepção! 
No fim de semana anterior, mais precisamente no dia 3 de Maio, o Primeiro Ministro Passos Coelho, comunicou ao país as decisões do governo 1. Mais austeridade, mais cortes, mais impostos (ou taxas como querem agora dizer) mais desemprego na calha, novas previsões de receita e de cortes, que como já sabemos, irão novamente falhar.
Nesse mesmo fim de semana, no domingo, Paulo Portas comunicou ao país que foi autor de várias medidas do governo 1, mas que como responsável pelo governo 2, nunca aprovaria a taxa (ou imposto) sobre os reformados.

Durante a semana, algumas dessas medidas anunciadas pelo governo 1 e aprovadas pelo governo 2, foram sendo descortinadas. 
Entre elas quero salientar a lei da mobilidade. 
Ao contrário de qualquer lei laboral, ao contrário de qualquer contrato social, então não é que os líderes desses governos decidiram mandar uns quantos funcionários públicos para essa mobilidade e durante esse período vão perdendo o salário gradualmente, até que ao fim de 18 meses vão para casa a receber ZERO! 
Para compensar esta mobilidade, aumentam a carga horária semanal e aumentam um ano à idade de reforma! Ou seja, esse supostos excedentários não estão a mais! Passarão a estar com estas duas últimas medidas que mencionei.

Entretanto e voltando à medida que o governo 1 apresentou e que o governo 2 disse que nunca aprovaria, ficamos a saber que a taxa em questão é de, imaginem só, 10%!

Este fim de semana, foi convocado mais um Conselho de Ministros extraordinário (penso que já são mais os extraordinários do que os ordinários) e não é que o governo 2 afinal aprovou a taxa nas pensões!
Após isso foi um ver se te avias aos apoiantes dos 2 governos a clamarem vitória.
Os do governo 1 aplaudem o retirar de mais 10 % das pensões dos reformados, com o argumento que assim a troika manda mais uns milhões de euros, e os do governo 2 aplaudem, pois dizem que a medida será facultativa e que deverá ser aplicada apenas se as coisas correrem mal! Estes governos já acertaram numa previsão? Já alguma receita/corte foi melhor do que o previsto? Não, logo, daqui a dias lá irá à vida mais uma parte da reforma dos meus pais!


Entretanto e como seria previsível, já várias forças do país,  disseram que iriam remeter estas decisões para o Tribunal Constitucional, e como falamos muito de previsões, provavelmente haverá novo chumbo! 
A haver esse chumbo, irá o Presidente continuar a assobiar para o lado e ficará a cuidar das laranjas do Palácio de Belém?

sábado, 11 de maio de 2013

Mudança I


Ontem durante a tarde, acompanhei o Paulo Cafôfo, juntamente com apoiantes dos diversos partidos que constituem a coligação "Mudança" e levei o meu filho Manuel Tiago, para que desde cedo compreenda o que é um projecto de cidadania.

E é precisamente a cidadania um dos pilares desta candidatura, em que todos temos de nos envolver e dar o nosso contributo para que o Funchal recupere a sua imponência e o seu lugar num mundo cada mais competitivo e próspero.
A iniciativa de hoje foi dedicada ao comércio que definha de dia para dia , numa luta diária pela sobrevivência. Foi um entra e sai em inúmeras lojas, cafés e restaurantes, para compreender os problemas dos comerciantes e procurar as soluções de um dos sectores mais afectados pela má gestão a que o Funchal tem sido sujeito nos últimos anos.

A proliferação de centros comerciais e de mega lojas, a grande maioria na periferia do Funchal, fez com que as pessoas cada vez fossem menos ao centro do Funchal, condenando esse comércio tradicional e tão característico de qualquer capital europeia. 

Cabe-nos a nós enquanto cidadãos, contrariar essa tendência e fazermos o que fazíamos no passado. Ir "à cidade" fazer as compras, passear com os nossos filhos, sentarmos-nos numa esplanada e viver a cidade!
Se fizermos o nosso papel, recuperaremos o cosmopolitismo da "esquina do mundo" e com isso o Funchal será com toda a certeza uma cidade muito mais interessante e faremos com que os turistas se sintam bem cá, que queiram cá voltar e que recomendem aos seus amigos.

Assim seremos competitivos e quando aí chegarmos, o comércio tradicional nada terá a temer e terá a prosperidade que todos nós ambicionamos.

domingo, 5 de maio de 2013

Mas que raio de governo é este?

Mas que raio de governo é este que tem os nossos destinos nas suas mãos?

Sexta feira o Primeiro Ministro anuncia uma data de medidas novamente bastante penalizadoras para os funcionários públicos e pensionistas. Diz que é a única saída para colmatar o chumbo do Tribunal Constitucional ao Orçamento de estado de 2013, nunca diz que esse Orçamento foi chumbado pela incompetência do seu governo em conseguir fazer um orçamento que seja legal!
Os pontos chumbados pelo TC do OE2013 perfaziam um total de 1.300 milhões de euros, Passos anuncia cortes na ordem dos 4.800 milhões de euros! Esqueceu-se de referir novamente que os 3.500 milhões de euros a mais vêm novamente da sua incompetente equipa em acertar com as medidas mais correctas para o país e também das suas previsões falharem SEMPRE!

No dia seguinte, de modo a comprometer o seu parceiro de coligação, o líder do PSD, afirma que "várias medidas de austeridade decorrem do talento de Portas", tentando assim evitar cenas do passado em que Paulo Portas, após o anuncio de medidas penalizadoras veio a público dizer que não concordava com o rumo do governo!

O que Passos Coelho já deveria de saber é que Paulo Portas já anda nestas lides há muito mais tempo do que ele e que manha é coisa que não lhe falta. Assim sendo no dia seguinte a esse elogio é chegada à vez de Paulo Portas falar ao País.
Agradeceu os elogios de Passo Coelho, assumiu algumas medidas, mas fez questão de se vangloriar com a idade da reforma ter ficado nos 66 anos, ao contrário dos 67 que Passos pretendia! Mas a rasteira ainda estava para chegar. 
Deixou para o fim do seu longo discurso a questão da taxa anunciada aos pensionistas. Disse frontalmente que nunca aceitaria tal medida "é fronteira que não posso deixar passar".
Como será de esperar, Portas tem já medidas alternativas e quando forem conhecidas, vão todos os centristas gritar a plenos pulmões, que se não fosse o CDS, a situação dos portugueses seria muito piores! Com esta estratégia, Passos Coelho ficará novamente como o odioso do governo e Paulo Portas como o grande salvador. E novamente Portas passa a perna a Passos!

Entretanto o governo que tanto tenta preservar a sua imagem no exterior, tentando mostrar coesão, lá vai dando estas cambalhotas!

E assim temos o Governo de Portugal em que o Primeiro Ministro anuncia medidas que irão ser aplicadas sobre os portugueses e passado dois dias o homem mais poderoso de Portugal, o Ministro dos Negócios Estrangeiros,  diz que medidas aprovadas no Conselho de Ministros em que ele esteve presente e que as aprovou, afinal não concorda com elas e que nunca as deixará passar!

Mas afinal, as medidas foram ou não aprovadas em Conselho de Ministros? Paulo Portas aprovou-as ou não? Se não foram aprovadas, porque é que foram anunciadas? Se existirão medidas menos penalizadoras porque é que as têm na gaveta? Se não é necessária tanta austeridade como afirmou Paulo Portas, porquê criar a tal almofada financeira para o futuro? 

Volto novamente a perguntar,

Mas que raio de governo é este?

sábado, 4 de maio de 2013

Basta de austeridade!

Basta, basta, basta!
Basta de austeridade!
O povo português já disse que basta de austeridade, os sindicatos também, o mesmo disseram os patrões, até o Presidente da República, cúmplice deste governo e das suas políticas já disse basta! A austera Manuela Ferreira Leite também disse que basta e que este documento de estratégia orçamental do governo nem para tese de doutoramento serve, tão alheado da realidade que está! O líder da união europeia, que tanto defendeu a sua amiga Ângela também disse que já fomos longe demais. O FMI também já afirmou que o caminho seguido não foi o melhor para os países em dificuldades.
Ou seja todos com excepção do governo português já chegaram a essa conclusão! Será que ainda não se aperceberam que são eles que estão errados?

Analisando a estratégia do governo, facilmente se pode verificar que a dupla Passos/Portas até ontem, sempre nos fizeram pensar que quem mandava em toda a política de austeridade era o ministro das finanças Vítor Gaspar, mas com estas medidas agora conhecidas vimos que Gaspar não foi mais do que carne para canhão, pois este pacote de austeridade foi coordenado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas e tem a assinatura dos dois principais responsáveis pela coligação!

A dupla traçou o seu caminho, rumo a um estado neoliberal, sem estado social, sem garantias do estado para os mais debilitados. Vimos que no ministério do centrista Mota Soares foram cortados subsídios dados a idosos pobres, que agora vivem na mais pura miséria.
Juntando os 30.000 desempregados da função pública  que sairão em consequência deste novo pacote, aos que já saíram do governo, no espaço de uma legislatura só o estado é responsável pela quebra de 100.000 empregos!
Quando ouvimos o Primeiro Ministro anunciar o aumento do número de horas de trabalho semanal para a função pública e o aumento em 1 ano na idade de reforma, percebemos que estes funcionários que pretendem mandar para o desemprego não são excedentários  pois os seus serviços vão ser efectuados com base no fim deste direito adquirido!
Passos limitou também a situação de mobilidade a 18 meses, não explicou o que irá acontecer quando atingirem essa situação! Mais para o desemprego? penso que sim.
Aqueles que escolheram determinadas carreiras, algumas com algum risco, outras de grande desgaste físico  outras de grande responsabilidade pessoal ficam agora sem bonificações que de algum modo compensavam as diferenças das suas carreiras!
Passos logo no início do seu discurso disse que não iriam aumentar impostos e que o que agora apresentava eram reformas do estado, mas logo de imediato anunciou um aumento de 50% na contribuição dos funcionários públicos para a ADSE, passando de 1,5% para 2,25% do seus salários! 
Os desgraçados dos pensionistas, aqueles que fizeram descontos a vida toda e que contavam com uma reforma com bases nas suas contribuições, são novamente atacados com uma nova taxa que não sabemos de quanto e fiquei sem perceber porque é que o PM não chamou de imposto!
Portas na sua comunicação ao país, confirmou que concordava com quase todas as medidas e que foi autor de algumas delas, apenas discorda frontalmente deste imposto sobre os pensionistas e que nunca deixará passar. Como já sabemos, o Ministro dos Negócios Estrangeiros é das mais velhas ratas da política portuguesa e com este discurso passou novamente uma rasteira a Passos Coelho, pois como percebemos, esta medida não será aplicada e Portas aparecerá como aquele salvador que nos tira da desgraça! Tão ingénuo que é este nosso Primeiro Ministro!
Com este conjunto de medidas, o governo vai buscar mais 3.500 milhões de euros aos reformados e funcionários públicos!

Ao longo do seu longo discurso ouvimos Passos Coelho a anunciar despedimentos, aumentos de impostos, fim de direitos adquiridos, cortes nos sectores mais importantes do estado entre outras medidas igualmente gravosas, mas não ouvimos medidas que invertam o crescimento do desemprego, que estimulem a economia, que nos dêem esperança! 
Com este documento elaborado por Passos e Portas o futuro apresenta-se cada vez mais negro, com a emigração à vista como solução para os problemas de muitos!

No plano político regional, não posso deixar de colocar as seguintes questões:

Os deputados do PSD-M à Assembleia da República, que votaram favoravelmente o Orçamento inconstitucional de 2013, votarão a favor do Orçamento Rectificativo?
O deputado do CDS-M à Assembleia da República, que ficou com a batata quente com a fuga de José Manuel Rodrigues, votará a favor do Orçamento Rectificativo?
Após terem defendido que o melhor para a Madeira era o voto no CDS para as legislativas, continuam a defender esse pensamento? 
O PSD-M e o CDS-M em quem vão pedir o voto nas próximas eleições legislativas? Vão pedir nos seus próprios partidos e assim assumir que concordam com a austeridade imposta por Passos/Portas?

Perguntas às quais infelizmente sei as respostas!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1º de Maio, o dia do trabalhador

Comemora-se hoje mais um dia do trabalhador, um dia após o Conselho de Ministros, onde foi aprovado o Documento de Estratégia Orçamental.


Desse documento ficámos a saber que o Governo da República pretende cortar mais 6,2 mil milhões de euros à despesa do estado, continuando assim com a sua estratégia de empobrecimento do País e assim ter argumentos para agravar os cortes no estado social conquistados em Abril de 74.

Após a fita ensaiada pelo CDS de Paulo Portas, na passada semana, em que se insurgiu contra as medidas apresentadas por Vítor Gaspar em pleno Conselho de Ministros, eis que aprova este documento que pretende repor em 2014 os cortes aos trabalhadores de 2012 colocando a despesa ao mesmo nível em percentagem do PIB que nesse ano. Não sabemos como irão ser efectuados estes cortes, mas a ver pelos dois últimos orçamentos inconstitucionais, não ficarei surpreendido se novamente ignorarem a nossa constituição! 

Numa atitude ameaçadora, querendo incutir o medo nas pessoas, Gaspar diz que temos 3 alternativas. A falência de Portugal, com consequente saída do Euro, outra hipótese é a permanência permanente da Troika em Portugal, com a consequente perda de soberania e por fim a sua solução, o empobrecimento do país, com a permanente redução da despesa, até que os Portugueses praticamente tenham de pagar para trabalhar, em que o estado social será uma mera miragem, em que todos os direitos adquiridos sejam perdidos para sempre.

À conta da visão neoliberal deste governo de Passos, Gaspar e Portas recusam-se a ver a quarta alternativa, que é o caminho da prosperidade, do desenvolvimento e do crescimento! Para isso há que se juntar aos restantes países do Sul da Europa e baterem o pé ao norte e dizer basta à austeridade! Chega desta vergonha europeia, há que voltar à Europa solidária, há que pôr fim a estas políticas em que os países ricos ganham imenso dinheiro através da especulação da dívida dos países em dificuldades, há que pôr fim às diferenças na Europa, em que são aplicadas medidas diferentes conforme os países! Enquanto não caminharmos para um federalismo, para uma união política, para um sistema fiscal único, não teremos justiça nesta Europa, muito diferente da inicialmente pensada!
Este quarto caminho assente no crescimento do PIB, no aumento do poder de compra é o caminho que temos de defender! 
Temos de recuperar a atractividade de Portugal para os investimentos estrangeiros! 
Temos de recuperar o investimento em energias alternativas, contribuindo assim para a inversão da balança comercial e também para a diminuição dos nossos custos com emissões de CO2.
Temos de criar qualidade, apostar numa industria competitiva, apostar no conhecimento, nomeadamente na área de programação, onde somos realmente bons ao nível mundial.
Temos de recuperar a nossa principal exportação, que é o turismo, criando condições para nos tornarmos realmente competitivos num mercado muito feroz, onde já fomos muito bons, onde vendíamos qualidade, onde gerávamos um sentimento de querer voltar!

E com esta estratégia de Gaspar pergunto se haverá motivos para comemorar o dia do trabalhador? 
Quase um milhão de desempregados no País, 25.000 na Madeira! A ameaça do desemprego permanente sobre a cabeça de todos nós, as condições cada vez mais precárias do emprego, os salários em atraso mais que comuns, a falta de esperança, o desespero da emigração como solução para a decência, enfim um sem fim de sentimentos e realidades!

Hoje no dia um de Maio, dia em que muitas famílias iam passear às Serras, fazer os tão típicos piqueniques, outras optavam também por passeios, mas com almoços em restaurantes, temo que seja uma ínfima parte do que já foi no passado! Muitos por não poderem financeiramente comemorar, outras por não terem força anímica pois os medos são muitos, outros simplesmente porque já não estão cá!