No início do século dezasseis, a Madeira foi assolada
pela peste negra. Na altura os madeirenses imploraram a São Martinho, Bispo de
Tours que olhasse por eles.
A 23 de Julho de 1537 a vereação do Funchal fez um
voto a este Santo para que prontamente desaparecesse a peste. Com este voto,
decidem erguer um altar na Sé, com capela perpétua, onde se rezaria uma missa
todas as quintas-feiras.
A 3 de Março de 1579, por alvará régio, foi criada a
paróquia de São Martinho, estabelecida nessa data, numa fazenda com capela,
pertencente a Afonso Anes.
Assim nasce a paróquia de São Martinho, que a partir
de 1916, passou a designar-se como Freguesia.
Muitos anos de história, muitos anos de tradições. Uma
história que muito nos honra e que queremos preservar na memória de todos os
que aqui vivem.
São Martinho é, nos dias de hoje a freguesia da
Região, com maior número de eleitores, sendo praticamente todo o seu território
urbano. A sua população triplicou nos últimos 30 anos. O seu território está
dividido em vários sítios, sendo alguns deles muito distintos. A sul, com o mar
a banhar a nossa costa, foi o local escolhido para a construção dos grandes
hotéis, os complexos balneares e onde muitos madeirenses e não só, escolheram
para construir as suas casas e comprar os seus apartamentos. Sem dúvida uma das
zonas do Funchal mais urbanas. Destaco também a mais formosa das nossas praias,
que por erros do passado, artificializando a natureza com a ligação ao ilhéu aí
existente, alterou a dinâmica da praia, fazendo-a recuar estando parte dela sem
calhau. É necessário emendar este erro. Não se pode acabar com um dos poucos
locais gratuitos, onde os funchalenses podem ir a banhos.
Para oeste temos as casas mais isoladas, as grandes
plantações de banana, fazendo com que esta freguesia seja a maior produtora na
região, deste fruto tão apreciado.
Pela sua orografia e por ser uma zona de expansão, foi
também o local escolhido para implantar o grande bairro social da Nazaré. Uma
grande obra social, bem desenhado urbanisticamente, mas infelizmente, muito
esquecido por quem tutela a habitação social ao nível regional.
É aqui em São Martinho que os turistas têm o seu
primeiro contacto com uma levada, a levada dos Piornais. Um percurso pedonal,
que precisa de alguma reabilitação, mas que constitui um grande atractivo. Há
que reabilitá-la e sinalizá-la.
Uma das características desta freguesia, são os seus
picos e um deles, poderá ter dado o nome à nossa cidade, pois aí existia funcho
em abundância, sendo por isso mesmo o Pico Funcho.
As Freguesias são a primeira porta disponível para os
cidadãos, aquela porta que muitos recorrem nos momentos de aflição, momentos de
verdadeira dor, muitas vezes à procura de uma solução para o seu problema, para
as suas dúvidas. Outros apenas batem à nossa porta para que alguém ouça a sua
voz. Por vezes à procura de uma palavra de conforto. As pessoas querem ser
ouvidas e cá estamos nós para ouvi-las, para pensar nos seus problemas, para
procurar soluções, ou então para encaminhar para quem pode solucionar. Nessa
porta estou cá eu para receber as pessoas. É comigo que falam, sou eu que dou a
cara por elas, não me escondo num gabinete qualquer.
É esse o grande e nobre trabalho de proximidade que
uma Junta de Freguesia deve prestar.
Há pouco mais de 4 meses, quando aqui chegamos,
deparamo-nos com uma casa aparentemente arrumada, mas com graves problemas.
Essencialmente financeiros. Além desses problemas verificamos que encontrava-se
num estado de letargia. Houve a preocupação tão típica do regime que ainda
persiste, com a obra pública, pagando-se por vezes valores exorbitantes por
pequenas obras. Eram feitos uns passeios sociais e entregavam cabazes no natal.
Alguns apoios às escolas e pouco mais era feito. Esta Junta pouco olhava por
aqueles que sofrem diariamente com as dificuldades geradas por uma crise sem
precedentes que se abateu sob a Europa, agravada na Madeira pela falta de visão
do governo regional.
Os tempos são de Mudança, são tempos de esperança.
Vamos olhar pelas pessoas. Vamos apoiar aqueles que têm sido esquecidos pelo
regime. É por isso que estamos a implementar o nosso programa, um programa com
um verdadeiro cariz social.
Há fome em São Martinho, há pessoas que vivem em
condições desumanas. Já este ano, estive na casa de uma senhora, com 86 anos,
que não tem luz eléctrica! Não podemos ficar indiferentes a estes dramas e por
isso, vamos apresentar aqui na Assembleia de Freguesia regulamentos, para que
não haja dúvidas sobre quem vamos apoiar e como vamos apoiar. Queremos
transparência. Vamos apoiar as famílias ao nível alimentar e ao nível
habitacional. Neste âmbito, seremos também a voz da Câmara Municipal do
Funchal, na divulgação dos programas sociais, tais como Câmara à Porta, Ajuda
nos medicamentos e Fundo Social de Emergência.
Apoiaremos aqueles que pensam na Freguesia, que
desenvolvem projectos para a freguesia, seja na área social, do desporto, das
artes, e acima de tudo do voluntariado.
Vamos olhar pelos nossos jovens. Vamos às escolas,
recebemos as crianças. Ainda ontem decorreu um torneio de futebol no campo de
São Martinho, outros mais faremos ao longo do ano. Estamos a preparar apoios
aos clubes da freguesia, que numa vertente social, assim ponham os nossos
jovens a praticar desporto, a afugentá-los dos perigos que espreitam quando
acabam a meninice e se tornam adolescentes. Temos de manter os nossos jovens
ocupados, com bons hábitos e acima de tudo com amor-próprio. Faremos a festa do
desporto em Junho, onde queremos que haja uma grande participação em diferentes
desportos.
Vamos recuperar tradições, festas de antes, que foram
esquecidas. Vamos recuperar o Festival de Folclore. Em Setembro próximo, sem
megalomanias, faremos dessa festa, a festa das tradições da nossa terra.
E porque não podemos nos esquecer de quem nos visita,
em Maio haverá um evento gastronómico nos jardins panorâmicos. A festa da nossa
gastronomia, dos sabores da Madeira. Contamos com a participação dos nossos
hoteleiros. Uma iniciativa inédita na cidade, que julgamos que passará a fazer
parte dos eventos anuais da nossa cidade.
Iniciamos os mercados locais. Começamos aqui. Aqui
mesmo à porta, mas outros locais poderão surgir. Mais uma forma de apoiar quem
precisa. Não só quem vende, que assim consegue um complemento para satisfazer
as suas necessidades, assim como para que compra, pois conseguem adquirir
produtos a preços convidativos.
Queremos também uma maior proximidade aos cidadãos.
Para isso serão implementados os orçamentos participativos. Um processo que
envolverá todos os que quiserem participar. Um processo de participação
política e cívica.
A modernização faz também parte dos nossos horizontes.
Iniciaremos dentro de em breve estudos para implementação da autarquia digital.
Acabar com o papel, simplificar operações, respostas imediatas. Não será fácil,
mas lá chegaremos.
Para contribuir para toda esta nossa actividade,
reduzimos custos. Investimos na eficiência energética. Um esforço agora, que
muito em breve dará os seus lucros. Revimos contratos e eliminamos desperdício.
Contamos também com o apoio do tecido empresarial da
fr
eguesia. Foi exemplo disso o apoio que muitas empresas deram no natal,
contribuindo com donativos para que os mais carenciados tivessem um pouco mais
de alegria nessa quadra tão marcante para a sociedade madeirense. Obrigado. Sei
que não é fácil nestes momentos de crise e por isso sei que muitos fizeram um
esforço para esse contributo. Mais uma vez, obrigado.
Queremos que este ano seja o verdadeiro arranque.
Tornar a Freguesia de São Martinho mais dinâmica. Não aceito que pela sua
dimensão, pelas suas qualidades e pelas suas pessoas que São Martinho vá a
reboque de outros. Temos de ser um exemplo a seguir.
É precisamente pelo exemplo a seguir, que decidimos
homenagear quem não fica de braços cruzados, quem fez e faz pela freguesia. Que
levam o nosso nome mais além. É com muita honra que homenageamos 4
personalidades da freguesia nas áreas das artes, do desporto e da religião,
pois tendo ou não fé, ninguém pode ficar indiferente ao papel da igreja na
nossa sociedade. São homenageadas também duas empresas que com a sua visão,
geram emprego, geram riqueza, geram prosperidade.
Ângelo Gomes
José António Gonçalves
Cónego Dias
Padre Sumares
Grupo Pestana
Grupo Porto Bay