Madeira do Avesso

Madeira do Avesso

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Cidadão, cidadã, cidadania

Sempre fui um defensor da igualdade de género, defendo que não pode haver qualquer privilégio para homens ou mulheres, com base no seu sexo, e consequentemente não pode também haver qualquer tipo de discriminação.
Com base nisto, não defendo que tenha de haver quotas, nem imposições em listas, em lugares de nomeação, em lugares de concurso. Percebo que para mudar mentalidades, por vezes é necessário impor certas condições, mas terão obrigatoriamente de ser abolidas, assim que se atinja uma maturidade que permita isso.
A competência tem de ser a condição para atingir os mais diferentes cargos. 


Já assisti a diversas conferências sobre esta temática, tendo algumas delas sido bastante interessante. Outras nem tanto, notei que por vezes essas conferências servem apenas para atacar os homens, como se as mulheres precisassem disso para se fazerem valer. Não precisam. basta mostrarem o que valem, assim como os homens também têm de mostrar. Não acontecendo isto, corremos o risco de termos pessoas incapazes em lugares para os quais não têm qualquer competência.
Irrita-me profundamente termos um candidato a Secretário Geral das Nações Unidas, que por ser homem, arranca à partida em posição inferior, porque nos corredores do alto poder, há o desejo que deve de ser uma mulher. Sim, que seja uma mulher se for a mais competente, a mais capaz, não por apenas ser mulher.


Há na realidade uma diferença em termos numéricos, nos lugares de topo de administração, e vejamos porquê.

Tivemos uma sociedade muito machista, em que a mulher era subalternizada, inferiorizada, o trabalho principal de uma mulher era ficar em casa a cuidar dos filhos e das lides caseiras. Só recentemente, e estamos a falar da minha geração, é que as mulheres começaram massivamente a estudar. Eram poucas as mulheres que seguiam o ensino superior, ficando assim afastadas dos cargos de decisão, dos cargos de topo. 
Hoje em dia isso já não acontece. Há mais mulheres que homens a estudar e por isso, estou convencido que num futuro não muito distante, haverá mais mulheres a ocupar esses lugares de topo do que homens. Basta quererem.


Apesar de séculos de discriminação, o caminho da igualdade está a correr a grande velocidade.


E para atingir a igualdade na sua plenitude, devemos também, na escrita e oralidade ter algum cuidado e modificar sempre que possível os textos, de modo a tornar o mais neutro possível, ou então usar o masculino e o feminino.
Mas não podemos nos esquecer que a evolução da nossa língua, fundiu muitas vezes o neutro com o masculino. É uma questão linguística. Não sendo sempre possível usar um termo neutro, ou até nas versões masculino e feminino, não devemos entrar em histerias por questões linguísticas. Não serão as questões linguísticas que farão com que a igualdade de género seja uma realidade. Não podemos feminizar por exemplo o ser humano, nem tão pouco tornar neutro. É uma palavra masculina que representa todos os homens e mulheres.


É por isso que acho que se atinge o extremismo ao querer mudar o cartão de cidadão para cartão de cidadania, será esta a mudança que irá realmente promover a igualdade. Cidadão ou cidadã é o que cada pessoa é, cidadania são os direitos, os deveres de cada cidadão ou cidadã.


http://www.ese.ipp.pt/IG7.pdf

Sem comentários:

Enviar um comentário