Madeira do Avesso

Madeira do Avesso

domingo, 17 de março de 2013

O falso desenvolvimento de Jardim

Para quem é da minha geração, sempre ouviu das palavras dos nossos governantes, que a Madeira recuperou de um atraso de séculos relativamente ao continente.
Sempre ouvi dizer que a Madeira era das regiões mais atrasadas do país e que Jardim conseguiu colocar a Madeira nos primeiros lugares de Portugal!

Ora bem, analisemos o atraso e o desenvolvimento e desafio aos madeirenses da minha geração a relatar aqui se se lembram de tamanho subdesenvolvimento aqui na região.

Sendo a minha mãe "cubana", do interior do país, mais propriamente de uma aldeia do distrito de Castelo Branco, durante a minha infância fui várias vezes à aldeia de Rabacinas, na freguesia de Montes da Senhora.

Essa pequena aldeia, com a escola desactivada pela desertificação do interior do país, era servida por estradas de terra, que no quente mês de Agosto, não era mais do que um levantar de poeira de cada vez que passava um carro.
Todos os dias, a horas certas, lá ia a minha avó à fonte com bilhas na cabeça buscar água para bebermos, para cozinhar, para tomar banho, etc.


A roupa era lavada num poço comunitário, ou no rio mais próximo, e cada vez que era preciso engomar a roupa, lá tinham de acender brasas para colocar naqueles ferros de engomar com chaminé.


As noites eram passadas à luz de vela, candeeiros a petróleo e petromax.
O pão era feito num forno comunitário, bem no centro da aldeia.

Cada vez que precisavam  de efectuar uma chamada telefónica, tínhamos de ir à mercearia do Sr. Henriques, pois era a única com um aparelho tão desenvolvido. Para fazer a ligação, era preciso dar à manivela dessa relíquia, que assim gerava energia para então atender do outro lado da linha uma telefonista, que iria estabelecer a ligação. Desligávamos o aparelho e esperávamos então que ele tocasse e finalmente conseguíamos falar com quem pretendíamos. Claro que o telefone era daqueles em que o auscultador era móvel preso por um fio e o microfone para onde falávamos, preso ao aparelho em si, que não era mais que uma caixa de madeira.



Sem dúvida, momentos da minha infância diferentes e bastante divertidos, em que incluía passeios de burro pela aldeia.

A aldeia, apesar de continuar desertificada, hoje tem as condições todas para um sítio dessa dimensão. Sem megalomanias, mas com o essencial para criar conforto e bem estar de quem na sua reforma volta à aldeia para passar a sua velhice.

A Madeira, que há 35 anos atrás já era muito mais desenvolvida que estes locais do interior do país, foi se desenvolvendo mais, criando vias rápidas, ganhando autonomia, que não foi mais do que uma ilusão.

Estamos bem servidos de vias de comunicação, de centros cívicos, de promenades, de jardins públicos, escolas em demasia, infraestruturas de desporto que dariam para várias vezes a população, mas cada vez mais  pobres, com fome, com desemprego galopante e com vergonha social!



Foi criado um falso desenvolvimento, fazendo com que o PIB subisse em flecha e desse modo perdeu-se o acesso a fundos comunitários, que seriam importantes nestes tempos de crise.

Fala-se das PPP do país, o que são as vias expresso e via litoral senão isso? Com uma grande diferença, no país os privados investiram, ficando depois com a exploração, aqui o governo rico investiu e depois concessionou e entregou de mão beijada aos seus amigos.

Hoje em dia, temos os impostos mais altos do país para sustentar o falso desenvolvimento da Madeira, e  ao fim de 35 anos, Jardim continua a dizer que a culpa está toda fora da região e na oposição, e quem governou, nada tem haver com o que por cá se passa!

Hoje, dia em que Jardim comemora os seus 35 anos de governação, já não é capaz de enfrentar a população, tem de sair pela porta dos fundos, programa campanhas eleitorais em garagens particulares e muito restritas, enfim, a porta de saída cada vez mais pequena e com muitos dos seus apoiantes/seguidores, a afinar a pontaria do pé, para aquele pontapé final, que se avizinha num futuro cada vez mais próximo

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