Madeira do Avesso

Madeira do Avesso

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Miséria humana

Para quem leva a sua vidinha, pacata, com maior ou menor dificuldades, com crise ou sem crise, lá vai seguindo o seu dia a dia, completamente alheio a uma dura realidade que se esconde na Madeira Nova, que o betão Jardinista não foi capaz de apagar.

É preciso andar no terreno, nas ruas, nos becos e nas veredas para tomarmos a consciência da pobreza  que envergonhadamente se esconde, às vezes num adro de igreja, outras escondidas numa casa no meio de um bananal.

Há tempos atrás escrevi aqui, que o atraso madeirense do passado, tão empolado pelos nossos governantes de modo a fazer crescer um falso desenvolvimento, não passava de um mero instrumento comparativo com o continente, elevando o regime cá da terra, sempre com o intuito de mostrar o que é saber crescer!

Mas que crescimento tivemos?
Estradas, centros cívicos, escolas onde já não existem alunos, túneis e mais túneis, seguidos de pontes e mais túneis! São necessários? Sim, muitos deles sim, muitos fundamentais para encurtar distâncias enormes, quando queríamos ir mesmo ali ao lado, outros dão-nos segurança. Outros, e não são assim tão poucos, completamente desnecessários. Furar a rocha e encher de betão, encher os bolsos de quem vende betão.

E o outro crescimento?
O crescimento civilizacional, o crescimento cultural, o crescimento educacional. Onde está esse crescimento?
Investimentos em desporto! Onde estão os nossos campeões? Temos um Ronaldo, obrigado Ronaldo pelas alegrias que nós proporcionas. Mas é Ronaldo um produto da terra? Tem um talento natural, ninguém dúvida disso, mas onde estava a Madeira Nova quando teve de precocemente sair da sua terra para crescer como desportista, como pessoa e como ser humano? Certamente não foi por causa das verbas gastas no desporto regional. Mas novamente pergunto, para onde foi esse investimento? Novamente para o betão, para o futebol profissional, com atores de outras bandas!

Olhamos para as nossas escolas e pergunto novamente, onde estão os nossos grandes pensadores? Onde estão os nossos grandes cientistas? Os grandes poetas? Criaram-se escolas por toda a região, quando as distâncias ficaram mais curtas, e aqueles que antes saíam da sua zona de conforto, alargavam horizontes, o campo de visão passava a ser outro. Novamente, gastamos, mas não estudamos, não soubemos ver qual é o nosso objectivo, não quantificamos as necessidades, não percebemos qual o nosso caminho a percorrer.

E nesta Madeira Nova, que tanto cresceu, que é das regiões mais desenvolvidas de Portugal, e é no Funchal, onde essa grande sabedoria e crescimento empola o resto da ilha, que ainda vivem pessoas em condições da mais dura das misérias humanas! Pessoas que não sabem o que é um interruptor de luz em casa. O petróleo (aquele cor de rosa) é um grande sinal dos tempos modernos, e banho de água quente, é só esperar pelo verão, quando a mangueira que rega a horta aquece ao sol e proporciona uns litros de água morna!

E é está a Madeira nova!





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