Madeira do Avesso

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

À volta dos números de Gaspar

Após a catadupa de notícias e de contas feitas sobre as novas medidas de austeridade, pus-me também a fazer contas e fiquei mais triste e revoltado com as soluções deste governo para a saída da crise.

Segundo as contas do jornal de negócios, 0,1% das empresas portuguesas têm uma poupança de 800 milhões de euros (representará 35% do valor total) com a redução da TSU em 5,75 %. Extrapolando os valores, verificamos que os trabalhadores dessas mesmas empresas vão pagar mais 973 milhões de euros.
Fazendo a diferença, o estado arrecada com estas medidas mais 173 milhões de euros, mais sai de circulação em consumo, os tais 973 milhões.
Facilmente verificamos que se estes 973 milhões circulassem na nossa economia, o estado só em IVA iria arrecadar mais do que os 173 milhões que entram a mais nos cofres do ministério de Mota Soares. Além do valor do IVA, o estado perde também receita de IRC, pois o consumo baixará e as empresas venderão muito menos, tornando-as ainda mais débeis e mandarão mais pessoas para o desemprego, o que fará aumentar as prestações sociais!
E estamos a falar de apenas 0,1 % das empresas que representam 35 % da verba total, ou seja, na realidade estes números são multiplicados quase 3 vezes.
Das pequenas e médias empresas, apenas 10 % tirarão benefícios destas medidas, o que só reforça o disparate.

Quanto ao estímulo na economia que Passos/Gaspar afirmaram que as empresas poderiam ter com esta redução, é mais um disparate. Se pensarmos que o custo da mão de obra média, no custo final  das empresas andará na ordem dos 25 %, então facilmente se verificará que a redução final no custo das empresas não deverá ultrapassar os 1,5 %. É este o valor que fará com que as empresas venham para Portugal? E qual é a retracção do consumo que irá gerar?
Esta mudança na TSU faz também com que na primeira vez da história de Portugal, os trabalhadores que recebem ordenados muito baixos, vejam os seus rendimentos diminuírem!

Quanto a outras medidas, vejo que mais uma vez vão aos bolsos dos pensionistas da classe média, que rapidamente caminham para classe baixa.

No lado oposto, aumentam o imposto sobre juros, mais valias e dividendos em apenas 1,5 %!

Um governo cada vez mais capitalista, esquecendo completamente o estado social, mas que se lembra bem de quem o ajudou imenso no passado a derrubar o governo anterior, os grandes senhores do dinheiro portugueses.

Não queria acabar sem umas palavras sobre a Madeira, onde vejo Alberto João Jardim aos pulos por causa desta medida, que retira 100 milhões € à economia madeirense, mas que no passado por muito menos demitiu-se com o argumento que mudaram as regras do jogo a meio do campeonato e que por isso os madeirenses deveriam de votar um novo programa de governo. (Ah já me esquecia que Jardim foi eleito da última vez sem programa de governo, tirando-me assim este meu último argumento).

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